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Na noite desta quarta-feira (7), a Câmara de Vereadores de São João da Boa Vista promoveu uma reunião com autoridades da área da saúde para discutir os principais problemas enfrentados pela população, com foco especial no atendimento prestado pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
A iniciativa foi motivada pelas frequentes reclamações de munícipes sobre a qualidade do serviço, pela ausência de um médico pediatra na unidade e pelo protesto ocorrido na segunda-feira (5), que quase resultou em agressões físicas (clique aqui).
Estiveram presentes no encontro o prefeito Vanderlei Borges, o vice-prefeito e médico Dr. Zé Eduardo, representantes da UPA, da Santa Casa Dona Carolina Malheiros, da UNIFAE e da empresa Ingex, além dos próprios vereadores.
Durante a reunião, os parlamentares concentraram parte de suas críticas na falta de um pediatra de plantão na UPA. Em resposta, representantes da Prefeitura explicaram que, de acordo com a legislação, uma unidade com as características da UPA de São João não é obrigada a manter um especialista em pediatria, sendo suficiente a presença de um médico com experiência na área.
Ainda assim, a gestão municipal afirmou estar tentando contratar um pediatra há meses, mas encontra dificuldades devido aos baixos salários oferecidos em comparação com cidades vizinhas.
O vice-prefeito Dr. Zé Eduardo, que também atua como médico na UPA, utilizou o espaço para relatar o clima de insegurança entre os profissionais de saúde. Segundo ele, há um crescente “medo de trabalhar” diante da pressão exercida nas redes sociais por opositores da administração, o que, em suas palavras, estaria “deixando a população agressiva”.
Ele afirmou que a gestão passada “foi o primórdio para a Saúde acabar” quando alterou o meio de contratação dos profissionais e a remuneração aos plantonistas.
O médico denunciou que, no sábado passado (3), houve uma briga armada dentro da UPA, e que os pacientes não estão respeitando os profissionais da unidade. Ele também apontou que há pessoas “usando a desgraça de uma família para se promover em redes sociais”, em referência aos dois bebês que faleceram após atendimento na UPA.
O ápice da revolta aconteceu quando Zé Eduardo citou o caso do funcionário que precisou ser retirado da unidade pela polícia nessa quarta-feira, aparentemente em um procedimento de escolta. “Uma humilhação. Eu não me conformo, nunca vi isso em 20 anos (de trabalho)”, afirmou o médico.
O prefeito Vanderlei Borges também fez críticas contundentes à gestão anterior, acusando-a de negligência proposital com a estrutura da UPA, incluindo a falta de materiais e equipamentos essenciais para o funcionamento adequado da unidade.
Ele alegou que, pelo menos, R$ 75 milhões repassados para as organizações sociais Intituto Rita Lobato e Instituto Rafael Arcanjo não podem ser rastreados, já que as OSs não conseguem comprovar em quê gastaram os valores.
Encerrando a reunião, a diretora de Saúde do município, Heloisa Trafani, apresentou as medidas que serão adotadas para enfrentar os problemas do município e atender às demandas dos pacientes.
Dentre as ações imediatas, ela considera a contratação de um quarto médico da unidade, possivelmente um clínico, para desafogar os atendimentos e melhorar o tempo de espera na fila. Ela também afirmou que pretende melhorar a comunicação (inclusive o matriciamento) entre as unidades de Saúde do município, que “se perdeu” durante a antiga gestão.
Heloisa reforçou a fala do vice-prefeito Zé Eduardo, pedindo para que a população respeite os profissionais. “O que aconteceu hoje foi ‘pra lá’ de vergonhoso”, afirma a diretora.
A reunião pode ser assistida por completo no vídeo abaixo. A duração é de pouco mais de duas horas e meia.
Matéria publicada em 8 de maio de 2025, às 12h19.