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Moradores de São João da Boa Vista ocuparam a Câmara Municipal durante a 12ª Sessão Ordinária, realizada nesta segunda-feira (5), em protesto pelas mortes de dois bebês de dois meses na última semana, após atendimentos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município.
A mobilização gerou tumulto, e foi necessária a intervenção da Polícia Militar.
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Antes de seguirem à Câmara, os manifestantes se reuniram em frente à Prefeitura por volta das 17h45.
Após palavras de ordem, caminharam até o Legislativo, que fica a cerca de um quarteirão de distância. Pelo menos três viaturas da PM acompanharam a movimentação para garantir a segurança.
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Com a grande presença de pessoas, a entrada no plenário precisou ser controlada e organizada em grupos de cinco a dez manifestantes por vez.
A situação gerou um pequeno conflito entre os sanjoanenses presentes e a equipe de segurança da Câmara, mas a situação foi rapidamente resolvida após a instituição garantir que todos teriam o direto de adentrar a Casa de Leis.
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Vestidos de preto e com folhetos em mãos, os participantes ocuparam a plateia e, em sinal de protesto, viravam de costas sempre que um vereador fazia uso da palavra. Eles também gritavam palavras de ordem como “justiça” e exigiam que os parlamentares tomassem atitudes para que nenhum outro bebê morresse após atendimento na UPA.
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A auxiliar de projeto Flávia Apolinário, representando os organizadores do ato, teve acesso à tribuna após o presidente da Casa, Bira (MDB), ceder o espaço, já que não havia sido formalizada a inscrição para ocupar o grande expediente.
Durante sua fala, Flávia cobrou providências e ações concretas do poder público em relação às recentes mortes de crianças na rede municipal de saúde. Ela também citou o atendimento médico precário oferecido à população, que segundo Flávia, “é feito por estagiários” e por médicos “que usam Google e inteligência artificial”.
A auxiliar de projeto também citou um caso em que supostamente uma enfermeira teria deixado a cadeira de coleta de sangue suja e infectada com material genético de outro paciente. “Fura três, quatro vezes a veia, […] na mesma cadeira em que derrubaram sangue, mandam outro paciente sentar”, afirma.
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O clima começou a ficar bastante tenso quando a mãe de um dos bebês falecidos, que estava presente, precisou ser retirada após se emocionar com toda a situação.
Aos prantos, a mãe de Maitê foi carregada por parentes para fora do plenário em meio a gritos de indignação por parte da população.
Desse momento em diante, a situação se tornou hostil. Em meio a gritos, vereadores e população tentavam expressar seus pensamentos sem sucesso, já que muitas pessoas falavam ao mesmo tempo e nada era compreendido.
Alguns parlamentares que estavam com as cadeiras em direção à tribuna a fim de ouvir Flávia Apolinário foram acusados de “virar as costas para a população”, um equívoco que contribuiu para a confusão.
O avô da criança também se manifestou e expressou indignação. Aos gritos, ele chama os vereadores de “lixos”. Ele disse que, em tempos de eleição, os políticos vão de porta em porta, mas depois abandonam a população. “Minha mãe morreu na UPA, e ninguém deu atenção a ela”, afirma o homem.
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Em outro momento, um familiar tentou avançar em direção ao espaço reservado aos vereadores após se irritar com “a cara de risada, de sarcasmo” por parte de alguns parlamentares. A Polícia Militar e a própria população intervieram rapidamente para conter os ânimos, mas a Sessão precisou ser suspensa, em um intervalo que durou mais de uma hora e meia.
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A sessão seguiu sob forte tensão até o fim, por cerca de quatro horas e meia. Mesmo com a longa duração, muitos moradores permaneceram para fiscalizar a votação em urgência dos quatro PLs que versam sobre a saúde da mulher gestante. Todos foram aprovados.
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Matéria publicada em 6 de maio de 2025, às 12h04.